Compor é assim:

você começa a dedilhar o teclado...

esperando a melodia te buscar, esperando ela te pescar...

por que é ela quem decide vir...

a gente só tá aqui na espera mesmo.

Aí ela aparece!

- Ai, que felicidade!

Mas não vem inteira não, a danada.

Ela vem pequena e bela e soberana

E é sua obrigação continuá-la.

É sua obrigação armá-la de um jeito incrível.

Pegá-la de jeito.

Domá-la ao ouvido.

E aí a gente sofre e chora e grita por dentro.

E sai na rua com ela na cabeça.

E cantarola baixinho.

E esperneia.

E tenta pra direita, pra esquerda, movimento ascendente, descendente, terças, sétimas e nonas. Tenta mudar o tom, o instrumento.

Tenta colocar um trecho recitado(quem sabe?)

- Não, não vale!

Mas quando acontece...

Quando descobrimos o que é que faltava na música quando ela choveu na gente...

A gente se sente desse jeito que estou hoje...

Ah! Eu não sei dar nome a isso que estou sentindo.