domingo, 30 de agosto de 2009

ARMO O AMOR
perigo à vista...
ARMO O AMOR
fico à espreita...
ARMO O AMOR
de longe eu olho, cheiro
sinto você

Vou me aproximanto len-ta-men-te
e num salto (!)
você foge
certo das minhas más intenções

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SALVE JORGE

Jorge sentou praça
Na cavalaria
E eu estou feliz porque eu também
Sou da sua companhia
Eu estou vestido com as roupas
E as armas de jorge
Para que meus inimigos tenham pés
E não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos
E não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos
E não me vejam
E nem mesmo um pensamento
Eles possam ter para me fazerem mal
Porque eu estou vestido com as roupas
E as armas de Jorge
Salve Jorge!!!
Armas de fogo
O meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
Sem o meu corpo tocar
Cordas e correntes arrebentem
Sem o meu corpo amarrar
Porque eu estou vestido com as roupas
E as armas de Jorge
Oxossi aylodá yamalabê
Yambelequê yorô
Odé matá coroná
Ai que a vida volta a fazer sentido!

Sempre que acordo de madrugada sinto perfume de rosas

Escuto a chuva caindo lá fora

Minha boca então tem hálito fresco

Meu corpo flutua

Minha pele é mais macia. E brilha.

Saio voando pela porta

A chuva não me toca

Os habitantes noturnos não me vêem

Então conserto o mundo

Ajeito as coisas

Coloco tudo no lugar

Cubro pessoas que dormem agitadas

E volto voando pro leito

Deito de novo

Durmo

e me esqueço

mulher com taça na mão

É hoje...

É hoje que eu descubro o que é que tem do lado de lá

Sem medo de dor, sem pressa de chegar

É hoje que meu caminho encerra

Meu peito vai enfim acalmar

E o mundo com certeza nem vai notar

Falta não vou fazer

Os vermes vão me comer

E tudo vai continuar como está...

É hoje que crio coragem

É hoje que salto da margem pra ver no que dá

Meus filhos nem vão chorar

Meu chefe só vai reclamar até sábado

Falta não vou fazer

Trabalho não vou mais dar

Quem sabe do lado de lá não é melhor

Quem sabe do lado de lá não é maior,

tem mais ar, tem mais gente que olha pro lado de cá

tem mais vento pra me refrescar

Não dá mais pra esperar

Não tô mais a fim de chorar todo dia

Não quero mais mendigar alegria

Falta não vou fazer

Ou quem sabe a mulher da janela

Aquela que me diz bom dia

todo dia

Quem sabe ela vai notar minha falta

Quem sabe ela vai querer me encontrar

E me amar

Não. Cansei de esperar.

Rio Nilo

A sua candura,

Sua delicadeza, sua

Seu jeito menino

E homem e macho

Suas falas tão doces

Seus momentos tão frios

Sua leveza

seus perdões todos

Sua insistência

E seu rebolado

No cerne de tudo

Tua pele tão branca

A sua indiferença

O seu silêncio

Seus momentos seus

Sua mudança de assunto

Seu ouvido tapado

Sua profundidade

Seu sorriso pouco

Seus dentes fortes

Sua falta

Sua volta

E ainda por cima de tudo

Ainda no cerne de tudo

Tua pele tão branca

"Ela tinha mãos quentes
seu rosto todo era frio, seco, plástico até.
Mas era nas mãos que guardava a leveza do ser.
Eram suas mãos guardiãs de sua alma toda.
Quando acenava a alguém, sentia perder-se no ar. Esvair-se.
Por isso guardava os acenos.
E era com os olhos, gelados, que cumprimentava as pessoas."